Não falarei. O silêncio amordaça os fonemas. Calada estou e, permanecerei. Não há voz. Não há pausa. Apenas ausência. Palavras proferidas se acumulam no infinito. Empilham semânticas intangíveis. Palavras represadas. Palavras mortas ainda na garganta. Engolidas com relutância. Palavras ácidas que esterilizam mágoas. Vazadas por raízes profundas. Escorrem apenas agonia contemporânea. Existir, resistir e sobreviver. Coexistir, harmonizar e, recolher-se. Misturar-se e individuar-se. Identificar-se. Ser ímpar, plural e coletivo. Talvez ser apenas mais um silêncio. Palavras inscritas no silêncio. Escondidas no timbre da voz. Soprano contralto. Seguirei muda e apática. Pode-se, simplesmente, morrer sem dizer nada. Eis o poema possível do silêncio. A prosa fatídica e inabalável. Em silêncio, a rima se torna imaginária.