Ouço as estrelas falarem
sobre planetas distantes,
galáxias desconhecidas
E janelas vazias,
sem esperanças.
Ouço a lua solitária.
Satélite abandonado
que ainda guarda as pegadas
dos astronautas.
A lua brilha solitária
sobre o deserto.
Brilha no outono de folhas caídas
e ressecadas pelo tempo.
Brilha sobre a primavera
e as flores em contratempo.
Ouço as estrelas narrarem
as vilezas humanas,
as crueldades mundanas,
e, as saudades da velhice.
Contam-me ainda lendas,
mitos e diálogos durante
o eclipse.
Contam-me sobre a via láctea.
Sobre o pranto dos amantes e
Nas calendas
gregas e troianas,
confessadas em sinapse
ou no muro da escola.
Nas guerras solenes.
Sobre soldados mortos.
E, poder incandescente
que mata, esfola e
indiferente paira sobre
todos nós.
Ouço as estrelas.
Sibilam as cobras.
Cantam os pássaros.
Tudo em linguagem clara e cifrada.
Para divulgar o enigma da esfinge
e a esfinge sem enigmas.
Por ser inimiga do tempo.