Estéril poeta
Na calçada suja
No claustro de ideias e sentimentos.
No silêncio de monastério
Estéril poeta
Beneditino escreve sem parar.
Lima, rima e sofre
a cada linha.
Estéril poeta.
No deserto dos homens
A pesar a areia de seus passos
No esforço de caminhar
Sem sair do mesmo lugar.
Morde com lábios o suplício
de existir, de escolher e
de encolher com a velhice
Estéril poeta.
Delicia-se com a arte pura.
O ofício que é artifício.
A simplicidade que mascara
o paradoxo e a complexidade.
Na teia complexa e contemporânea
Enreda-se sem abandonar
um coração pulsante,
uma cabeça sem verdades absolutas
e corpo perecível rente
a alma infinita e eterna.
E que enfrenta tantas lutas.
Estéril poeta.
Padece por poucas letras.
Padece por loucas tretas.
E, na confusão perde-se
no horizonte.