Quantas caligrafias podem escrever o mundo? Quantas tintas podem conter as letras? E os significados? Há tantas formas, tantas canetas e tantos textos a serem escritos. Confissões inauditas. Poesias imortais e, ainda, aquele lirismo contido e bastardo que escorre pelas veias, vielas e estreitos, onde não sopram os ventos, onde não se ouvem os fonemas, mas são apenas almas gemendo, ganindo e registrando a ferro e à fogo todos os sentidos e sentimentos. Humano demasiadamente humano. O que não me mata, me fortalece... Criamos resistências diárias, apuramos a sobrevivência, arrancamos do abismo cego, do torvelinho a vida, a sobrevida e a longevidade. Nossas pernas já não são as mesmas. Nossos olhos míopes. E, nosso corpo fenece aguardando apenas a morte. Tantas canetas, tantas caligrafias e tantas palavras para resumir e redimir todas nossas culpas. Precisamos perdoar e sermos perdoados. Precisamos esperar e ter esperanças. E, amar como verbo intransitivo. Como fizeram o poeta, o sábio e o ermitão. Há muitas canetas que uso. Muitas delas, eu as esqueço, propositalmente, pelo caminho... é um pouco de mim que fica ou serve aos outros, às outras mãos criadoras de sentenças ou de simples deleite. Em cada caneta, jaz uma palavra ou um texto inteiro aguardando apenas trazer ao mundo, algum sentido.