Travessia

Uma novela dadaísta.

A novela Travessia trouxe um texto não muito bom e que frustrou a grande expectativa quando fora anunciada para suceder a novela Pantanal.

Ademais, uma protagonista que não era uma atriz experiente e, sim uma influenciadora digital dotada de sotaque estranha e de tom robótico.

Ademais, alguns temas como o metaverso e o futurismo soaram de forma bizarra e inapropriada. Travessia foi uma novela contemporânea, mas uma obra de ficção, o que não significa que não possa narrar alguma estória crível.

Quanto as fake news não trouxe mérito ao debate e, a brincadeira de Rudá ficou tão esquecida como não punida. Durante a novela houve queda de audiência, principalmente, ao fim de ano, o que propiciou a abreviação do enredo.

Inicialmente, foram encomendados cento e oitenta capítulos que então, se esticaram para cento e noventa e dois mas diante as dificuldades com o IBOPE retornaram aos cento e oitenta capítulos mesmo.

Ocorreram vários erros aleatórios da trama e, ainda a sofrível atuação da protagonista Chiara (Jade Picon). E, nas redes sociais eram exibidos os descontentamentos e as confusões com o enredo. A trama divorciada da verossimilhança exagerou no quesito liberdade poética.

E, em alguns pontos os pecadilhos foram mesmo fatais. A começar com a faixa etária de Chiara, o sumiço de Brisa, a obsessão de Oto, que passou da total desconfiança para a paixão implacável. As estratégias de Guida e, ainda o personagem Moretti (Rodrigo Lombardi) que beira a caricatura.

O casal Leonor e Stenio que parecia ser o mais harmônico. O melhor interesse da criança, na trama, representada pelo filho de Ari e Brisa foi ignorado e, assim, com a briga pela guarda e, por fim, o exame de DNA que fora frustrado em razão do quimerismo da Brisa.

Lembrando que Brisa sofre de uma condição genética rara chamada quimerismo, na qual a pessoa conta com dois tipos de DNA diferentes no corpo. Deve ser para contrabalançar a simplicidade da personagem.

Enfocou a trama o mundo tecnológico, as magias da realidade virtual e o metaverso bem como a adicção do filho de uma das personagens, que beirou ao problema psiquiátrico insanável.

A permanência de Cidália representada por Cássia Kiss que permaneceu envolvida em polêmicas tal como falas homofóbicas e franco apoio às manifestações antidemocráticas.

Como uma nau sem rumo, teve um final dadaísta o que para o horário nobre não foi muito recomendável.

A escritora, Glória Perez, com 74 anos tem o hábito de dialogar tanto com seus seguidores como com seus detratores e, responde às críticas voltadas ao enredo e aos personagens. Mesmos os atores e atrizes mais experientes apenas apresentaram atuações medianas o que também justificou na queda da audiência.

É sabido que o que aconteceu com Brisa em ser erroneamente apontada como sequestradora de crianças fora inspirado em caso real de uma mulher que morreu espancada por conta de fake news, mas na ficção foi explorado de forma rasa e sem atribuir a devida punição ao autor da brincadeira bizarra.

A trama sofreu de diversos descontinuismos, como o fato do casal a quem Chiara prometera entregar a criança nascida, e, simplesmente desapareceu. Sem contar a cena patética do Guerra levar a criança recém-nata como se fosse um souvenir da maternidade, sem nenhuma objeção ou procedimento.

Ao longo de seus sete meses de exibição e 179 capítulos, "Travessia" obteve apenas 24 (vinte e quatro) pontos de média geral. Sem repercussão, a trama afugentou anunciantes e foi encurtada em três semanas. É recorde negativo da novela, no entanto, também é o pior desempenho de desfecho de uma produção do horário das 21h.