Verme
Nessa carne fresca e sangrenta
Onde outrora existiu vida e movimento
Visita a fecunda terra.
Nessa carne sepultada
Que segue ao lodo mortal.
Serve a memória de alento.
Serve ao outono o vento
Que carrega as folhas e sentimento.
A despencar do alto da serra
E, a mergulhar no abismo fatal
A solidão que perfuma os astros.
E, ao verme que nos aguarda no claustro.
Lágrimas cultivam em segredo.
O amor ou degredo.
Da partida definitiva.
Do fim sem medo.
A espera do verme certeiro
Capaz da morte extrair vida.
E, servir de exemplo poético
ao vespeiro.
Iluminando impunemente
o dia.