Amor perdido
Não estavas pelo caminho
Não eras mais o mesmo
Este não era você.
Eu não estava no caminho.
Os passos cegos e bêbados
tropeçavam em palavras.
Eu já não era mais eu...
O silêncio reinava absoluto.
A mim, bastava a própria solidão.
A sombra da lua me confortava.
O vento de outono me acariciava.
Era amor resoluto.
Não precisava de sua mão.
Não precisava de seu corpo.
Não precisava de sua alma.
Tudo é tão descartável.
Tudo é tão miserável.
O apocalipse em calma.
Na favela ensaiada.
Na senzala disfarçada.
Na chibata caiada de branco.
No mar negro da confusão.
Ouviu-se um tiro.
Havia um morto.
Havia um deslize.
Não se poderia ter
um futuro que se esterilize.
Somos escravos
da imensidão, do universo,
de luzes fugidias,
de um coração e,
desse derradeiro verso.