Sarah foi visitar Brasília, a capital do Brasil. Tão conhecida pela excepcionalidade de sua arquitetura moderna e por seu urbanismo segregacional representado pelas célebres cidades-satélites. Foi visitar sua tia querida, a irmã mais velha de sua mãe Arminda que era aposentada do Ministeries Relações Exteriores... A princípio, ela iria voltar para o Rio de Janeiro, mas se acomodou, e acabou ficando na cidade. Sua tia morava no plano piloto, que é a parte principal da capital, mas a outra tia, a caçulinha, Tia Dulcineia morava em Taguatinga, uma cidade-satélite. Armênia e Dulcineia estavam estremecidas por razões totalmente tolas. Então, Sarah ligou para a mãe para saber como ligar com o imbróglio familiar. Sarah, ao telefone celular, estava com a voz trêmula, e perguntou: - Mãe, tia Armênia e Dulcineia brigaram parece que nem se falam praticamente. Estou hospedada na casa da tia, pedi o endereço da outra tia. Ela a contragosto me deu, mas disse que não me acompanharia... O que devo fazer? A mãe de Sarah emudeceu, depois falou: - Filha, vá lá, pegue um táxi que lhe leve e depois lhe busque... Você sabe o motivo pelo qual brigaram? Sarah, por sua vez, confessou: - Não e, tenho até medo de perguntar. De qualquer modo, agradeço pelo conselho. Sarah matutou, matutou.. e ruminando ideias. Decidiu não ir até a casa da outra tia. Deixaria para outra oportunidade. Pois, entendia que não era elegante da parte dela se fosse... Enquanto Brasília jaz como a capital da esperança, por outro lado, as cidades-satélites estão atreladas às desigualdades sociais, tão peculiares da sociedade brasileira. São ambiguidades tão triviais de nosso pobre país. O tempo contemporâneo é movido por intensa ambiguidade semântica onde a multiplicidade de significados trazem a necessidade de reflexão. Exige-se muito para superar as ambiguidades e, ainda, sobreviver com alguma dignidade.