Incompleto
A vida pode ser um fragmento complicado. As vezes o encaixe é natural. Outras vezes, o mosaico não se forma. A sugestão da imagem só se principia, mas não se perfaz... O monossílabo fonetizado com timidez. As sobrancelhas reticentes e quase eloquentes. E, a boca que se nega a falar, ainda que a mensagem seja urgente. O que dizer? Como dizer? Parecer discreta e sensata. Quando o dadaísmo me habita na surdina... A nuvem que parece guarda-chuva parece me informar que irá chover muito. Ouço o ronco da trovoada ao longe... E, os primeiros pingos se precipitam, numa toada cadente e firme... E, com o tempo os pingos engrossam. As rajadas de ventos manejam a chuva como se fosse um chibata.... Almas sofrem, pessoas morrem, casas desmoronam... e o morro desce militarmente desaguando tudo. Em cada tragédia, existe nas entrelinhas culpados pungentes. O desmatamento, a falta de planejamento habitacional, a falta de atuação da Defesa Civil... Há carências absolutas e, tocam as sirenes anunciando o perigo. Uns se abrigam, outros se encolhem e, ficam no mesmíssimo lugar. A dor é a única que resta cativa dentro daqueles que perdem... E, a latejar sempre que olhamos para atrás. No fundo, saímos todos da cena, incompletos...