"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

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Clichê

Clichê

Era uma pessoa engraçada. Dissera-me que era apenas sarcástica. Mas, em verdade, a ironia era tão verdadeira que não dava para rir do tempo todo. Na sua fala havia frases criativas e clichês totalmente perdoáveis... Afinal, quem nunca abriu algo com chave de ouro e, ainda confessou publicamente que o "futebol é uma caixinha de surpresas". Aliás, essa frase foi dita pelo radialista brasileiro Benjamin Wright que morreu no Rio de Janeiro, em 2009 aos oitenta e quatro anos. Mais ácido fora Nelson Rodrigues que afirmou categórico: - "O futebol é ópio do povo". Aliás, nas inúmeras competições esportivas havia um desfile que ia do racismo até homofobia. Com relação a frase bombástica há quem diga que fora fruto das declarações de Tadeu Ricci. Em verdade, recomenda-se evitar os clichês...

Mas, aquela vizinha a empunhar a vassoura era a imagem mais autêntica de uma bruxa urbana. Por vezes, o clichê só quer ser engraçado, provocar o riso, ou afrouxar os ânimos ranzinzas. A princípio a palavra venho do idioma francês, mais precisamente, do início do século XIX, era pertencente às artes gráficas, do verbo clicher, donde saiu o particípio e, virou clichê.

Destinava-se a produzir estereótipo que era uma placa inteiriça de metal, geralmente de zinco, gravada em relevo a partir de uma matriz que era destinada à impressão de textos e imagens. Estudiosos alegam que é de inspiração onomatopaica, advinda do som clichhh... que fazia a matriz ao cair no metal fundido. Outros estudiosos, apontam a mesma como onomatopaica advinda do alemão medieval, Klitsch que significava massa mole.

Ao abrir dos olhos, nos deparamos com clichês e, "pessoas-clichês" que repetem comportamentos e, o pior, frases malsinadas. E, logo que entrei na loja, me brindou com uma obviedade: O que deseja? Eu suspirei bem fundo e pensei: - viver na época vitoriana... mas, esqueça ... Eu só desejo envelopes para cartas. Nada mais démodé.

Eu não aprecio futebol. Em verdade, quase nenhum esporte me agrada... E, vejo a disciplina dos atletas da mesma forma que vejo a disciplina dos praticantes de yoga ou do budismo. De qualquer jeito, com surpresas ou substância intoxicante... matar por causa de um time de futebol é mais do que motivo torpe. É motivo de estupidez explícita. Escreveria uma carta, mas era para ser um artigo jurídico sobre homicídio qualificado por motivo torpe.

 

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 12/03/2023
Alterado em 12/03/2023
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