Sabotagem BVIW
Sarah estava vivendo em nostalgia, encontrou os óculos do "tipo gatinha", esse modelo ficou famoso nos anos cinquenta e, havia até mesmo em óculos de grau. Também existiam os óculos "tipo abelha". Até mais exóticos... Mas, Sarah precisava sair e ir logo até ao médico, pegar os resultados dos exames. Sua saúde era frágil... quase tão frágil quanto aquele espelho bisotado com grandes flores... dava até para sentir o perfume. Entrou no consultório, dirigiu-se à recepcionista, que parecia estar irritada. Cumprimentou-a e, em seguida, perguntou sobre os exames. A moça contrariada confessou que ainda não havia chegado o pacote de exames, pois o entregador se acidentou no meio do caminho. Sarah deu um muxoxo. Olhou entristecida pela janela e, no fim da avenida, perto da esquina, havia um explícito pôr do sol, e o vento levantava folhas amarelas e alaranjadas como se fosse um tapete fragmentado a provocar ainda maior nostalgia... A vida é um mosaico misterioso. Enfim, disse a mocinha que voltaria outro dia. E, despediu-se. Precisava saber dos exames, pois iria viajar e passar sessenta dias fora. No fundo da alma, pressentia que sua frágil saúde poderia estar sabotando-lhe. Decifrar o inconsciente parece ser algo impossível, as vezes. Mesmo que usemos óculos diferenciados para enxergar a mesma realidade.