Míriam tinha dez anos quando fora retirada de sua casa em Utrecht e colocada no gueto em Amsterdã, juntamente com sua família em abril de 1943. A menina não tinha a menor noção da gravidade da guerra ao seu redor. Na ocasião, mais cem mil judeus das cidades e vilarejos na Holanda estavam sendo deportados, principalmente, para os campos de extermínio em Auschwitz e Sobibor, ambos na Polônia. Ela conseguiu escapar por conta do carro que resolveu enguiçar no meio do caminho e, então, ela perdeu o trem. Mas, ganhou a vida e escapou da morte. Atualmente, Míriam está com oitenta e seis anos e, confessa que teve a infância roubada. Apesar de tudo considera ter sorte, pois de seis de sua família sobreviveram cinco. Apenas o pai de Míriam morreu. O pai de Míriam morreu de severa desnutrição e exaustão, apenas seis semanas antes de toda sua família ser libertada. Nos dias que antecederam o fim da guerra, os nazistas começaram a destruir as provas materiais dos campos de concentração - incluindo os campos em si e documentos - e a transportar prisioneiros para outros locais na Alemanha. "Desde então celebro um 'segundo aniversário' em 23 de abril - o dia em que fomos libertados pelo Exército russo em Tröbitz, onde ficamos dois meses detidos. Depois, voltamos para a Holanda. Eu tenho, até hoje, contato com uma família lá", acrescentou Míriam.