Recanto
Sentada aqui as palavras vêm
Caem sobre minha cabeça
E, aí, pego a caneta,
o lápis ou giz e escrevo
escrevo copiosamente...
E, automático...
A caligrafia escorre sobre o papel...
Coitado do papel
Pois colhe tudo,
do espirro a ortografia.
A sonoridade fonética delas
parece um mantra...
Ora é um mantra feliz.
Ora é lamento catártico.
De qualquer maneira,
alivia a bagagem emocional.
No meu canto,
melhor, no meu recanto...
Afastada de tudo e,
no meio do torvelinho
Na dinâmica espiral do labirinto...
Recordo-me de tanta coisa.
Das dores aos amores.
Das flores e dos espinhos.
Por vezes, a semântica briga com a gramática.
A gramática, encrenqueira, briga com a sintaxe
A sintaxe, soberana, analisa tudo.
E, anota todas as funções e necessidades.
Acho que a sintaxe pensa que é Freud.
A semântica, por sua vez, pensa que é Sófocles.
E, a fonética pensa que é Nietzsche.
Ao final, em meu recanto
simples e modesto...
vou esculpindo os dias, horas e
infinitos que paralelos
jamais se encontram,
a não ser, na encruzilhada da poesia.
Obs.: Frases dos filósofos e pensadores citados.
Nietzsche
"O amor não é outra coisa que um derramamento, uma espécie de luxo e de dádiva daquele que cada indivíduo conquistou por e para si mesmo e quer partilhar, alegremente, com um outro".
Sófocles
"Uma palavra nos liberta de todo peso e da dor da vida: essa palavra é "amor"."
Freud
"Em última análise, precisamos amar para não adoecer".