A água é boa e lava tudo.
É tão boa e refrescante.
E, a lágrima será que me lava a alma?
Será que é um hipoclorito disfarçado?
Eis que na água o sólido é seduzido.
Eis que a água torneia tudo,
até ser capaz de adentrar-se e continuar
seu fluxo infinito até o mar...
Quando criança, acreditei que a lágrima
era um pouquinho do mar...
um recado de alguma sereia ou
um sopro de vida a trazer novas emoções.
O lúdico sofrimento, tornava a lágrima
aceitável e até agradável.
Pobre daquele que não chora.
Que não se permite chorar.
Não se permite fraquejar, tropeçar ou
simplesmente errar.
Somos erráticos íntegros.
E, ainda aprendemos com os erros.
Nos culpamos e nos sensibilizamos com
Trazemos na lembrança as reticências,
incertezas e, a sensação
da água a fluir toda uma existência.
Sem foz e nem cós.
Sem frente nem verso.
O único verso que permito
é o do poema da água.
Lave o lirismo e enxague
o romantismo em línguas.