Ao ler João Guimarães Rosa e, particularmente, seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras (ABL) em
16.11.1967: "As pessoas morrem, ficam encantadas ... a gente morre é para provar que viveu". Curiosamente, o escritor morreu três dias após tomar posse na ABL, em 19 de novembro de 1967, tornou-se imortal e foi-se. Foi médico, diplomata e escritor e impressionou os estudiosos por sua notável polivalência, principalmente, pela forma com a qual orquestrou sua vida. Tinha um controle sobre-humano sobre a própria existência, ainda falava mais de vinte idiomas. Num trecho que merece destaque, in litteris: "Eu atravesso as coisas - e no meio da travessia não vejo! - só estava era entretido na ideia dos lugares de saída e de chegada ... Viver nem não é muito perigoso?" In: Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1988. Foi mesmo o demiurgo do Sertão, conforme definiu Carlos Drummond de Andrade.
Vejam alguns trechos: "Nonada. O diabo não há! É o que eu digo, se for... Existe é homem humano. Travessia."
“- Tu não acha que todo o mundo é doido? Que um só deixa de doido ser é em horas de sentir a completa coragem ou o amor? Ou em horas em que consegue rezar?” Fico pasma é com a extrema contemporaneidade... O imortal que morre e, a eternidade reticente dos dias repleto de dúvidas.