"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

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O forró é genuinamente nordestino. Trata-se de manifestação cultural muito ampla e possui diversos significados,podendo designar o ritmo musical, o estilo de dança e, ainda, a festividade que envolve toda a cultura nordestina.

 

Em sua origem, nos bailes populares realizados ao fim do século XIX e, eram chamados de forrobodó, forrobodança ou forrobodão.

 

Naquela época, era necessário molhar o piso onde tais festas aconteciam, pois eram de "chão batido", isto é, não havia acimentado, era somente terra. E, as pessoas ao dançar arrastavam os pés para evitar que a poeria subisse, daí veio a palavra rastapé ou arrasta-pé.

 

Há semelhanças como dança com o toré uma celebração indígena onde em dado instante ritualístico, os indivíduos arrastavam os pés no chão. Também há certa influência de ritmos estrangeiros tais como holandeses e portugueses, vinda dos salões europeus. Segundo Câmara Cascudo o termo mais provável como origem é ser uma derivação de forrobodó.

 

Que por sua vez, é uma variante galego-portuguesa do antigo vocábulo forbodó, originário da palavra francesa faux-bourdon que significa desentoação. Outra suposição, mas sem comprovação histórica é que seria derivada expressão inglesa for all (para todos). E, de acordo com tal suposição, foram os engenheiros britânicos que se fixaram na região de Pernambuco durante a instalação da ferrovia Great Western, costumavam promover festas para figuras ilustres.

 

Mas, foi apenas em 1950 que se começou a usar, de fato, o nome "forró". Pois, um ano antes, o cantor e compositor Luiz Gonzaga gravou a música "Forró de Mané Vito", produzida em conjunto com Zé Dantas. Em 1958, outra canção do músico chamada "Forró no Escuro", também fez muito sucesso. Apesar da popularidade alcançada com os sucessos desse ícone da música, o que realmente difundiu o estilo pelo Brasil foi a forte migração nordestina para outros estados do país, sobretudo nas décadas de 1960 e 1970.

 

Atualmente, o forró é apreciado em todo o Brasil e celebrado no dia 13 de dezembro, data de nascimento do sanfoneiro Luiz Gonzaga. O nome da festa forró também serve para nomear distintos gêneros musicais como xote, baião, arrasta-pé e o xaxado, por isso, quem não conhece bem suas histórias, as confundem como sendo um gênero único. As músicas são executadas, tradicionalmente, por trios instrumentais como acordeão, zabumba e o triângulo. O xote como dança se notabiliza por ser dois passos pra lá e dois pra cá.

 

A palavra "xote"tem origem da dicção popular alemã “schottische” que originou então a expressão “xote” ou “xótis”.O xote é uma dança de salão, semelhante à polca, mas com andamento mais lento. Surgiu na Alemanha e se espalhou pela Europa chegando ao Brasil em meados do século XIX, onde animava os salões aristocráticos.

 

Rapidamente, esse gênero se popularizou por todo o território nacional adquirindo características específicas em cada região do país. No Sul, o instrumento que se destaca no ritmo é a gaita, já no Nordeste, a sanfona.

Já para a palavra "xaxado"existem diferentes versões para a origem do xaxado, a mais aceita diz que teria vindo do Cangaço. Como não haviam mulheres nos bandos de cangaceiros, estes, dançavam com seus rifles em momentos comemorativos e a dança se tornava basicamente masculina. Com a vinda das mulheres aos grupos, estas começam a entrar na dança também.  

 

Segundo Enciclopédia da Música (1998) e o historiador Luís da Câmara Cascudo (1975), o xaxado é dança em círculo e em fila indiana, sem volteio, avançando o pé direito em 3 e 4 movimentos laterais e puxando o esquerdo, num rápido e deslizado sapateado. O nome da dança, desta forma, é uma onomatopeia do som característico produzido pelas sandálias arrastadas no chão.

 

O forró é, especialmente, popular nas cidades brasileiras de Campina Grande e Caruaru, que sediam as maiores festas juninas do país. Já nas capitais Aracaju, Fortaleza, João Pessoa, Natal, Maceió, Recife, Teresina, São Luís e Salvador são tradicionais as festas e apresentações de bandas de forró em eventos privados que atraem especialmente os jovens.

 

Segundo filólogo pernambucano Evanildo Bechara é uma redução de forrobodó que vem da corruptela do francês faux-bourdon, que teria significado de desentoação. O eixo semântico entre forbodó e forrobodó, segundo Fermin Bouza-Brey vem da região noroeste da Península  Ibérica (Galiza e norte de Portugal) onde a gente dança a golpe de bumbo em monorritmos monótonos. Na etimologia popular (ou pseudoetimologia) é frequente associar a origem da palavra "forró" à expressão da língua inglesa for all (para todos).

 

Para essa versão foi inventada uma engenhosa história: no início do século XX, os engenheiros britânicos, instalados em Pernambuco para construir a ferrovia Great Western, promoviam bailes abertos ao público, ou seja for all. Assim, o termo passaria a ser pronunciado "forró" pelos nordestinos.
Outra versão, da mesma história, substitui os ingleses pelos estadunidenses e Pernambuco por Parnamirim (Rio Grande do Norte) do período da Segunda Guerra Mundial, quando uma base militar dos Estados Unidos foi instalada nessa cidade. Apesar da versão bem-humorada, não há nenhuma sustentação  para tal etimologia do termo.

 

O forró pé de serra teve três grandes momentos na história. O primeiro, na década de 1950, com o baião “criado” por Luiz Gonzaga, conhecido como Rei do baião e principal representante do forró, que abriu caminho para o surgimento de novos artistas nordestinos como Jackson do Pandeiro, Marinês, Dominguinhos, Sivuca, entre outros.

 

Já na década de 1970, a geração dos cabeludos Geraldo Azevedo, Alceu Valença, Zé Ramalho e Elba Ramalho inovou o forró, introduzindo misturas sonoras como elementos da música pop e do rock, além da utilização de novos instrumentos como o baixo, bateria e guitarra. O terceiro grande momento do Forró se inicia a partir do final da década de 1990 com grupos como Falamansa, Forróçacana, Rastapé, Trio Forrozão,  Raiz do Sana, Bicho de Pé, entre outros. Esta última geração promove um movimento de difusão dessa cultura, principalmente pela facilidade de divulgação e promoção através das novas tecnologias e plataformas digitais.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 15/12/2022
Alterado em 16/12/2022
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