A audiência do cabaret local estava diminuta, havia uns gatos pingados, gente sem animação nem curiosidade. Até o final do século XVI, pingavam gordura, azeite, pez ferventes na pele dos escravos como castigo e, também, aplicava-se em alguns criminosos e, isso era tradicional na penalogia clássica portuguesa. Era uma tortura muito praticada no Oriente lusitano e deixava a vítima extenuada, eram chamados “pingos de fogo”. Depois, do suplício a vítima restava muito debilitada e totalmente desinteressada de tudo. Assim, surgiu o apelido “gatos pingados” aos ínfimos serventuários da Misericórdia de Lisboa encarregados de conduzir ao cemitério a tumba com os pobres defuntos do Asilo. Seria sugestão do gato que depois de pingado ficava muito cansado e desanimado e, a expressão então emigrou para o Brasil em sua soturna figura lúgubre. Josefa narrava para Márcia, sua sombrinha que atentamente ouvia e, acho tudo muito estranho. Pois durante o dia a tia era professora e, a noite, gerenciava o cabaret local, para complementar o parco salário. Haverá um dia em que os mestres, professores e os profissionais da educação serão valorizados... O segredo é que enquanto a ignorância tiver vastos reinos, os súditos serão sempre dóceis e obedientes.