Desde menina, aprendi andando no Centro da cidade do Rio de Janeiro, nos idos de meus nove anos de idade pagava as contas de luz, gás e, bem mais tarde, a de telefone. Aliás, houve um tempo que ter uma linha telefônica era um luxo supremo. Era para muito poucos. Mas, com o passar do tempo, pude observar a modificação da face original da cidade, o desaparecimento dos casarões antigos, os prédios históricos, parques e jardins públicos. Era apaixonada pelo pequeno e formoso prédio da Companhia de Gás, era de um tom rosáceo ímpar e, suas portas eram amarelados num leve tom de dourado. O estilo art nouveau era elegante. Lá dentro, havia um sino datado de 1674 todo trabalhado com rosas comensais. Ficava imaginando quanto fato importante fora testemunha. E, quanto de suas badaladas foram cruciais para anunciar fatos históricos. Tudo que restou ficou na memória e nas linhas daquele diário, da menina que um dia eu fui. A menina, então, fechou o diário, e guardou na gaveta fechada a chave que continha a seguinte inscrição em latim: ad perpetuam rei memoriam (pela perpétua memória da coisa).