Amor fati é o amor ao destino. É frase cunhada pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche e explicada em sua obra Ecce Hommo de 1888, in litteris: "Minha fórmula para a grandeza num ser humano é amor fati: que queira nada diferente, no futuro, no passado, em toda a eternidade. Não apenas suportar o que é inevitável, muito menos o ocultá - todo idealismo é falsidade na face do que é inevitável - mas amá-lo".
Opõe-se à noção da frase memento mori(se lembre que você também vai morrer), num exercício diário de aceitação da morte. A expressão latina é um evidente lembrete do estoicismo que a morte é inevitável. Na filosofia do pensador alemão, pode-se identificar que um de seus primeiros passos é resolver os problemas que a história da filosofia deixou para seus descendentes. Um destes é assumir a impossibilidade de uma coisa ter origem no seu contrário. Por exemplo, a verdade no erro e vice-e-versa.
Desta forma, o filósofo pôs em dúvida a existência das antíteses e se estas mesmas não passariam de meras perspectivas. Na obra intitulada "Humano Demasiado Humano" afirmou que "na efetividade, não existem opostos. Todos veem contrários, onde há apenas transições".
Tanto no estoicismo como na filosofia nietzschiana amor fati significa a aceitação integral da vida e do destino humano em seus aspectos mais cruéis e dolorosos, aceitação essa que apenas um espírito superior é capaz de realizar. No fundo significa também não querer nada diferente do que é, nem no futuro, nem no passado, nem por toda eternidade. Não só suportar o que é necessário, mas amá-lo.
A referida fórmula exprime a própria atitude do super-homem a natureza do "espírito dionisíaco", enquanto aceitação integral e entusiástica da vida em todos os seus aspectos, mesmo nos mais desconcertantes, tristes e cruéis. Na prática, o amar o destino é atitude mental sobre como enxergar a vida. Ao manter vivo o amor ao destino, foi ponto crucial que ajuda a sobreviver às dificuldades e adversidades de um momento difícil. Não se trata de exercer o controle sobre o mundo, mas assumir a responsabilidade que o destino nos traz e, para reagirmos de forma mais sábia que possível.
A primeira vista, pode parecer um otimismo exagerado e, em verdade, ao encararmos os eventos já acontecidos, não existe nenhum benefício em encará-los de forma negativa. Há mais de mil anos, Sêneca nos ensinou que: "O homem não é afetado pelos eventos, mas pela visão que ele tem deles". Em suas próprias palavras, Nietzsche explicou: “Se algum dia ou noite um demônio lhe disser: ‘Esta vida como você a vive e a viveu, você terá que viver mais uma vez e inúmeras vezes mais‘ … você se jogaria no chão, rangeria os dentes e amaldiçoaria o demônio que falou assim? Ou, por outro lado, você responderia: ‘Você é um deus e nunca ouvi nada mais divino”.
Segundo a filosofia de Nietzsche, jamais devemos nos esconder do destino, nem ocultá-lo ou desejar que ele seja diferente. Muito pelo contrário: devemos abraçá-lo, dispostos a viver a mesma vida quantas vezes ela se repetisse.
Isso porque, afinal, a vida é tudo o que realmente temos.“Minha fórmula para a grandeza é o amor fati: não deseje nada diferente, nem para a frente, nem para trás, nem em toda a eternidade. Não apenas suporte o que é necessário, muito menos se esconda – todo idealismo é mentiroso diante do que é necessário.”