Não amei.
Nem semelhante, nem diferente.
Amei a areia do deserto.
O silêncio do monastério.
Não fui indiferente,
nem distante.
Dei minha ausência e beijei ícones.
Entreguei-me por magia.
Desintegrei-me por encanto.
Na cegueira diária do catre
via nas grades, um porto seguro.
Liberdade?
Saudade?
A meia-luz, as sombras se cumprimentam.
Pouco restou de mim.
Sorriso de canto de boca.
Um poema perdido na gaveta.
E, aquele pássaro canoro
a recitar a mim mesma.
E a denunciar a sarjeta.
Não amei o suficiente.
Nem a mim mesma.
Muito menos o próximo.
Tinha afeto suicida
que mergulhava no abismo
e findava numa dança fraticida.
Exterminava o enigma.
Estigma.
Esfinge.
De amor poente.
De dor cadente.
De estrela ascendente.
E, a concordância moral
murmurava por piedade.
Não amei.
Não amei com dignidade.
Ri, mas não teve graça.
Chorei apenas as gotas roubadas do orvalho.
Colhi flores sangrentas da primavera.
E, pisei nas folhas crepitantes
do outono
Revelando
Que todo o resto foi abandono.