A obra é intitulada "O sonho do homem ridículo" de Dostoiévski que nos apresenta uma narrativa metafísica, sombria e pessimista sobre a humanidade. Em verdade, a obra em formato de conto, surgiu bem num contexto da Guerra Russo-turca e, vem a manifestar todo o sentimento de pesar sobre o mundo massacrante em que vive. Não é uma obra linear, pois oscila com liberdade entre o sonho e a realidade e, apesar da fantasia do narrador apontar para os desabafos do indivíduo vitimado de doença social. Essa obra é resultante do fato de o autor ter sido preso e exilado na Sibéria, além de ter cumprido serviço militar no Cazaquistão, e sua alta dose pessimismo desfia lentamente a crítica sagaz sobre as forças sociais, principalmente, sobre o governo e, como pode interferir na vida do cidadão comum e, até torná-la impossível, tanto que o homem cogita em suicídio. Os questionamentos do homem ridículo aborda sobre uma falsa felicidade e otimismo e, mescla o tom de loucura e medo animando o contexto histórico com inclinações subjetivas típicas do cidadão comum. A obra foi importante, pois nos faz questionar até onde a destruição é mesmo produzida pela humanidade e, a passagem do mundo real para o mundo onírico, num sonhado paraíso corrompido pelo ateísmo, com válvula de racionalidade e retidão. A polifonia do homem ridículo traduz o pequeno inferno vivenciado do protagonista que traz para o leitor a preciosa dialética que conta a história e também questiona tudo e a todos. A ilusão de liberdade, a farsa da democracia, o paradoxo da escolha sugerida e, por fim, a ilusão do livre arbítrio. Aquele que ousar propagar estrutura diferente, será, finalmente, chamado de "ridículo". Ao final, a desesperança e insanidade põem fim ao texto e, apontam que sem haver esperança em mobilidade social, política ou pessoal, o homem não conseguirá sobreviver com dignidade e paz. Precisamos continuar a lutar por maior que seja a adversidade. Apesar dela e por conta dela.