Atados nas circunstâncias.
No contexto imediato.
Atados a polir lentes
postadas perante cegos.
Quem somos nós?
Teremos exéquias patrocinadas por alheios.
Venderemos a alma como Fausto?
Banidos pela vida afora.
Vacas magras e gordas
inexoravelmente morrem.
Vidas e vícios externimam-se
recicprocamente.
Magicamente.
Abiogênese não existe.
A morte é contundente.
Real, sólida feito a lápide.
O que colocar na lápide?
Mensagem final.
Pergunta final.
Dor derradeira?
Um gemido, um lirismo
ou mera poesia?
Estou inclinada a escrever.
E o resto é silêncio.
Decifraram o genoma humano.
Decifraram a natureza humana?
Humanizamos cães, gatos e pássaros.
Plantas, feras e até coisas.
E, nesse imenso oceano
Há mamíferos envelhecidos.
Insetos que não mais voam...
Répteis que não mais rastejam.
E, ventos que não sopram.
Há uma conspiração das nuvens.
Trovões e raios.
Tempestade de iniquidades.
Quem somos nós?
Talvez seja preciso
passar a vida a limpo.
Rasgar o rascunho morno.
E, escrever um destino inédito.
Valer-se de um neologismo.
E, uma lógica mágica
capaz de reeditar nossa
pobre essência corroída.
E transformá-la numa seda qualquer.