A memória afetiva ressuscita as lembranças através de meios sensoriais e emocionais. O cheirinho bom da goiaba cozinhando quando minha avó fazia a goiabada caseira. As variadas escalas musicais ao piano, para o exercício e aperfeiçoamento ao piano. O desafio de tocar Chopin, Debussy e Bach... A melancolia intensa de bemóis e sustenidos tão bem encaixados que faziam fonemas flutuarem em nossos corações. Até hoje, evito goiabadas, pois a lembrança de minha querida avó, a pessoa mais afetuosa que conheci... Depois, as escalas musicais viraram uma espécie de trampolim para novas ideias e inspirações. Tenho a impressão que a infância passou muito rápido e, a fase adulta se arrastou pelo abismo inescapável da vida. Enfim, eu tinha minha memória afetiva que resulta na goiabada de Chopin. As memórias afetivas para as crianças são muito importantes, por isso, os pais devem dedicar-se algum tempo para conversar, brincar e passear seja nos lugares ou por pensamentos, mas manter um vivo diálogo e aproximação daquele ser em desenvolvimento.