Essa eleição é sui generis, nunca a bizarrice nacional fez tantos espetáculos.
Os míseros eleitores vivem com medo de serem assediados ou até sofrerem violência. E, o fenômeno é tanto de um lado, como de outro. O extremismo ideológico ganhou protagonismo e resultou em declarações paradoxais.
Há os defensores da tese do voto envergonhado, geralmente, recorrem a dois exemplos. O primeiro se refere a vitória de Donald Trump nos EUA em 2016. Na ocasião, as pesquisas de opinião anterior ao pleito subestimaram os votos em Trump, dando ele apenas dez por cento de vitória, a explicação para esse erro na pesquisa deve-se ao suposto voto envergonhado entre seus apoiadores.
E, o outo exemplo, diz respeito ao que se passou com o atual Presidente da República nas eleições passadas. Na época, também as principais pesquisas de opinião publicadas, mostravam 36% das intenções de voto. Mas, em verdade, teve 42% dos votos totais, apontando para crasso erro nas pesquisas.
As evidências a favor a existência do voto envergonhado são restritas. E, no caso de Trump deu-se mudança de intenção de voto às vésperas da eleição.
Ademais as pesquisas usaram questionário autoaplicáveis, que são respondidos pelo próprio entrevistado em uma plataforma na internet e nos quais o eleitorado de Trump não precisaria ter vergonha de explicar sua preferência e não mostraram maior apoio ao candidato do que as que recorrem aos entrevistadores seja presenciais ou virtuais.
De qualquer forma, existente ou não o voto envergonhado, não se pode eliminar a sua hipótese no atual cenário brasileiro. O professor de Ciência Política Alexander Coppock usou experimento de lista para tentar capturar o voto envergonhado em Trump em 2016 e, o resultado foi a estimativa era baixa para Trump. Portanto, não houve qualquer indício de voto envergonhado em Trump.
Recentemente, nesse mês de setembro, 41,8% dos entrevistados expressaram abertamente sua preferência pela vitória de Lula na pesquisa de intenção de voto, e o aumento de um ponto percentual favorece a tese de que, se existir o tal voto envergonhado nesta eleição, este terá maiores chances de ser do eleitor do Lula do que do atual Presidente da República.
De qualquer modo, confesso que gostaria muito que a sanha eleitoral presidencial tivesse fim já no primeiro turno.