Já faz algum tempo, lá pelos idos de agosto de 1977, quando das comemorações do sesquicentenário da fundação dos cursos jurídicos no Brasil, o inolvidável professor e jurista Goffredo da Silva Telles Junior, no Largo de São Francisco leu a honrada Carta aos Brasileiros e as Brasileiras, onde já denunciava a ilegitimidade do então governo militar e seu estado de exceção. Conclamava-se o restabelecimento do Estado de Direito e, ainda, a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.
Não há espaço para retrocessos autoritários nem para ditadura e tortura. E, muito menos, para arroubos esquizofrênicos na busca de um Executivo megalomaníaco. A solução de imensos desafios de nossa realidade passa obrigatoriamente pelo respeito assinalado pelas eleições, diante da lisura já comprovada das urnas eletrônicas. Enfim, a presente vigília cívica roga pelo Estado de Direito sempre! A história do Brasil não esquecerá os algozes da nação, da democracia e da cidadania brasileira.
Apenas alguns dos principais candidatos à Presidência da República também assinaram o documento, mas tal fato não arrefece sua força. O atual Presidente da República não assinou. e poder. Artistas tais como Fernanda Montenegro, Lázaro Ramos, Anitta e Caetano Veloso são exemplos daqueles que participaram do vídeo de leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros pela Democracia.
A carta em defesa da democracia e do atual processo eleitoral brasileiro, divulgada pela Faculdade de Direito da USP, em 11 de agosto já ultrapassou um milhão de assinaturas. O documento foi aberto ao público em 26 de julho e assinado por autoridades, banqueiros, empresários, ex-presidentes da república, atletas e artistas. Os jornais do Reino Unido, da Argentina e da França e demais agências de notícias publicaram as reportagens sobre o evento.
Significa mais do que palavras e discursos, o clamor popular demonstra nosso grande apreço pela democracia e pelo Estado Democrático de Direito, um Estado laico que constrói uma sociedade justa, solidária e pluralista.
“O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens… levantou no mundo as muralhas do ódio… e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis.
Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.”
– Charlie Chaplin, em ‘trecho do discurso proferido’ no final do filme “O grande ditador” (foi lançado em 15 de outubro de 1940). Foi o último filme em que Charles Chaplin usou as vestimentas de Carlitos. Inesquecível.