Quem sabe, lá na lua
No brilho supremo e lapidar
eu possa visitar São Jorge
e conversar com o dragão.
E, então, por meio de mediação,
um não mata o outro.
E, ao invés de expelir fogo pelas
narinas e pela boca...
Possa recitar poesias.
Com rimas inverossímeis.
E, com a métrica infinitesimal.
Quem sabe, em solo lunar
eu possa semear o afeto.
E, repovoar as florestas.
E, reconquistar a natureza
em sua potência e vastidão.
Quem sabe, longe do horizonte
e perto de Caronte
eu o possa subornar e na travessia
para o outro mundo, permanecer
em estado latente,
silente e metafísico.
Quem sabe, então,
só as almas boas me verão...
Só os puros e dignos
poderão
conversar comigo
E, fazer pedidos impossíveis.
O afeto tem seu dialeto.
E, o carinho sempre há de ser discreto.
E, ainda, rogar por misericórdia
por tantos pecados carpidos.
Por tantas aleivosias.
E, poesias traiçoeiras que
adúlteras até amaram demais...