Ainda me lembro de forma contundente a primeira vez em que recebi uma rosa vermelha. Eu era apenas uma menina, e jamais tinha visto um vermelho tão intenso e tão bonito. Era um galanteio bonito. E, que me fazia lembrar o paradoxo dos espinhos. Tão bela e altiva flor, porém, com estratégicos espinhos. A requerer cuidado e atenção, no fundo, esses são os elementos básicos de todo afeto. Precisamos ouvir, conversar e observar o outro, não apenas julgar e, condenar. Ou absolver, com ar misericordioso e superior... É tão fácil cair na volúpia do julgamento, sem vestir e estar no lugar do outro... Seus sentimentos insondáveis e suas dores invisíveis diante da insensibilidade. Quem poderá dizer: o que é certo ou errado? O que é imoral ou indecente? No meu íntimo, indecentes são a fome e a ignorância. E, a segunda perpetua a primeira e mata com precisão cirúrgica. Por isso, é tão importante a educação, e, talvez, por isso, eu vá ser a eterna professorinha... A que explica, exemplifica e torna fácil o entendimento e aprendizagem... E, logo apresentar um novo desafio, o decifrar o enigma da rosa, tão bela e inatingível em sua impecável elegância, a revelar desejos profundos e realidades contrastantes. Quem trouxe a rosa queria meu coração mas, se apaixonara mesmo por minha inteligência... Não sei, se serei capaz de satisfazer o pretendente...em minha profunda meninice, tudo era lindo, enigmático e perigoso.