A violência política é cada vez mais adubada pela bipolaridade estúpida que tanto ameaça as democracias contemporâneas. A cena é, realmente, crítica, pois ter um cano de revólver quase encostado no rosto, foi o que passou Cristina Kirchner. Caso o disparo tivesse êxito, certamente, sua cabeça seria despedaçada, bem diante de muitas câmeras. Seria um homicídio explícito.
O primeiro de setembro de 2022 ficou marcado quando o brasileiro Fernando Sabag Montiel tentou assassinar Cristina Kirchner. O atirador já tinha antecedentes criminais, além de ser considerado neonazista.
Logo vem a memória nos trazer como um raio, as imagens do assassinato de John Kenedy, ocorrido em novembro de 1963, em Dallas, nos EUA. Seu cérebro despedaçado, o que levou a sua mulher Jacqueline tentar a recolher os muitos fragmentos.
O disparo tinha vindo de um fuzil e chocou o mundo e até hoje reverbera por gerações. De fato, são contextos diferentes, porém, em comum há a letal violência política, o extremismo ideológico e o crime se impõem soberanos. Enfim, o respeito a humanidade se esvai completamente, e tudo se transforma em barbárie.
Aliás, a lista de presidentes da República dos EUA assassinados é vasta. Principia com Abraham Lincoln, James A. Garfield, William McKinley e, John F. Kennedy. Além disso, nove presidentes da República dos EUA sobreviveram aos atentados. Trata-se, portanto, de um ofício de alto risco.
Nove presidentes dos Estados Unidos tiveram mais sorte e sobreviveram a atentados. A saber: Andrew Jackson, em 1835; Theodore Roosevelt, em 1912; Franklin Delano Roosevelt, em 1945; e Harry Truman, em 1950. Além deles, Richard Nixon, em 1974, Gerald Ford (1975), Jimmy Carter (1979) e Ronald Reagan em 1981 - que chegou a ter o pulmão perfurado por uma bala em 30 de março daquele ano e sobreviveu graças a uma intervenção médica.
O responsável pelos disparos, John Hinckley, afirmou que tentou matar Reagan para chamar a atenção da famosa atriz Judie Foster.
Entre os dois episódios (de Cristina e Kennedy) há mais de meio século os separam, porém, ambos apontam que os esforços e progressos civilizatórios ainda não foram suficientes para nos adestrar a resolver conflitos sem o uso da violência.
E, as ciências humanas, a ciência política, a sociologia, a antropologia, o Direito e, até a psiquiatria possuem suas explicações e justificativas para tão potente ódio que esculpe, tragicamente, tais acontecimentos históricos.
Esses episódios causam perplexidade e temores e, a mesma violência é cultivada na política e, ampliada, principalmente, pelo poder dos algoritmos e robôs, sendo mesmo uma cruel ameaça às democracias.
O extremismo é infectocontagioso sendo capaz de levar à guerra civil e, outras desordens que ceifam vidas, liberdades e a paz.