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Primeiramente, desejo agradecer-lhe pela genética. Afinal, apesar de nossa parca convivência, todos são unânimes em dizer que sou a filha mais parecida com o senhor, em temperamento e inteligência. Não sei, exatamente, se tal discurso seria elogioso. Porém, de certa forma, não é de todo ruim. Além disso, sempre admirei a sua escrita. Que mencionavam como afiada e certeira... Boa de mira e ruim de briga... Afinal, era esguio, alto e macérrimo. Viveu boa parte da existência pesando no máximo cinquenta quilogramas apesar de ter quase 1,80m de altura... Atualmente, eu peso setenta quilogramas, me sinto uma baleia jubarte. Nas ventanias contemporâneas correria sério risco de ser levada como se fosse uma pena. A falta de delicadeza para certos assuntos rendeu boas estórias, e algumas risadas. Pois, apesar de inteligente era francamente antissocial. Gostava de beber seu vinho de forma solitária e contemplativa... Conversava, mas seus silêncios falavam mais alto que sua fala. O seu discurso de pausas fazia as moscas refletirem sobre a própria essência de ser um inseto. E, se, afinal de contas, aqui estou, vivendo, respirando e colhendo os frutos da maturidade é porque você existiu...Nem sempre somos capazes de perdoar aquilo que não entendemos, porém, é preciso ter afeto capaz de superar a razão e, transformar o pavimento do vínculo em acesso à misericórdia. Através da compaixão podemos entender que os pais não são heróis, nem possuem superpoderes. São humanos, demasiadamente humanos. Tomara que eu não venha incidir nos mesmos equívocos que o senhor cometeu. Adeus, desejo-lhe paz e muita evolução espiritual. Sempre coloco seu nome para irradiação no Ramatis. GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 30/08/2022
Alterado em 30/08/2022 Copyright © 2022. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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