Dirce ia conversar com sua irmã Denise. Dirce e Denise eram gêmeas univitelinas. Portanto, idênticas. Em quase tudo. Pois, se a aparência enganava, a essência distinguia com bastante nitidez. Dirce era normalista. Já Denise cursava o curso científico. Ambas eram alunas excelentes. Porém, a ambição de Denise era ser engenheira civil, profissão não muito afeita ao gênero feminino. Já Dirce, como futura professora não discrepava da anuência social. Dirce perguntava com ar de seriedade para Denise: - Mana, você está namorando o Euzébio, quando pretende noivar e casar? Denise, respondeu: sei lá... Depois que me formar e arranjar um emprego. Não quero ser sustentada para não perder autonomia. Dirce deu uma gargalhada... -Qual o quê? Euzébio filho de família portuguesa tradicional, nunca lhe deixará trabalhar fora... Denise, amarrou a cara. E, não quis mais conversar. - Deixa eu estudar a tabela algoritmos, que amanhã é prova. Passados meio século, as gêmeas continuavam vivas. Dirce tornara-se uma professora universitária de Didática e teve dois filhos. E, Denise engenheira civil do Estado e solteirona. E, quando sua irmã precisou dar uma manutenção na casa onde morava, lá foi Denise ajudar... E, como poucas pessoas sabem diferenciar Dirce de Denise... uma era chamada de outra. Uma, era romântica e sonhadora e, acreditava que a Educação era a salvação do mundo. E, Denise, por sua vez, era mais cartesiana, utilizava uma lógica quase matemática para tudo. A escola da vida havia torneado as personalidades tão distintas e as vidas de cada uma. Unidas, porém, diferentes. Mas eram, sobretudo, irmãs.