A cultura popular passa a interessar muito mais do que simplesmente como fator de identidade nacional. Revela semi-reconhecimento de uma alteridade, reivindicando e denunciando, sinuosamente, as descriminações e as cidadanias de segunda classe. Dentro dessa perspectiva, a cultura popular faz emergir também a dignidade e o reconhecimento.
A cultura popular pode ser entendida como fonte de estabilidade de padrões, continuidade e raiz,
ou seja, um instrumento de reconstrução da memória e de fortalecimento da identidade local. E, o mais relevante é que essa nova perspectiva ajuda a desmistificar a ideia de superioridade cultural, difundindo o respeito e a aceitação de nossa diversidade.
Ao povo cabe reinventar, recriar e ressignificar o seu saber e seu saber-fazer. E, assim revela a todos que seu universo vai além da conservação, preservação ou resgate, de modo que passamos a perceber sua dimensão. Onde a tradição está em permanente adaptação, atualização, frente à realidade contemporânea. A cultura popular é modalidade cultural própria do povo, sendo originalmente produzida pelas camadas mais pobres da sociedade, ainda que, posteriormente possa ser reconhecida também pela elite.
Diante de tantas transformações nas concepções da cultura popular, que tangenciam folclore, cultura oral, cultura tradicional e cultura de massa, o emprego da expressão no plural, culturas populares, talvez seja mais coerente para abarcar todas as práticas sociais e processos comunicativos híbridos e complexos que promovem a integração de múltiplos sistemas simbólicos de diversas procedências.