Nessa manhã, conversei com orvalho debruçado sobre uma rosa pleonástica. Rosa rosácea. E, o orvalho fruto do sereno, confidencializava-me a beleza de existir. O mistério de existir e de toda semântica em volta. Não colhi a rosa. Deixei intacto o orvalho que acabou secando com sol, o imperador de calor e luz.
Iluminada e solitária a rosa, agora apresentava um frescor inédito. E, ainda não era primavera...
Ah! quantas primaveras acumuladas há nos amores e afetos humanos.
Guardados em bouquets, ou mesmo, numa simples rosa solitária que reina no jardim. E, todas as manhãs, quando o orvalho retorna-lhe renovado. Novamente o frescor e magia se repete... diante de olhos cansados e de retinas tortas.
Não há um dia igual ao outro. Não há belezas exatamente iguais. E, nos ímpares momentos da vida, devemos extrair o que há de melhor da essência... As vezes, é apenas um deslise poético como conversar com orvalho numa manhã qualquer....