Dia da morte
No dia da minha morte, tive um mau pressentimento. A vista estava meio turva... mas, por conta da miopia, nem me alumbrava. Os pensamentos fugidios... dançavam no vento como folhas mortas. Enfim, a morte não parecia tão terrível o quanto dizem... A coitada sofria de má fama, e injustificada. O corpo queda-se inerte. O coração para de bater. Nem frio e nem calor nos abala e, o mais importante, nos eternizamos de alguma forma na memória das pessoas e do tempo. Alguns parecerão reticências. Outros, dois pontos. E, outros, ainda mais felizes, significaram vírgulas capazes de pausar o tempo, a alma e os afetos. No dia da minha morte, agendarei que vestirei branco.
Maquiarei-me toda, colocarei todos os babilaques possíveis e dourados. E, também, deixarei uma caneta por perto... vai que me ocorre alguma ideia. Vai que uma reles sílaba, signifique uma mágica. Agradecerei a todos, amigos, inimigos, afetos e desafetos. A trajetória não seria a mesma sem eles... E, ficarei com saudades ranzinzas de todos.