Tudo o que peço, é quem inventou a tristeza, tenha a fineza de desinventar, conforme a canção intitulada "Apesar de Você" de Chico Buarque que foi lançada nos rotundos anos de chumbo que vivemos no país. Lembremos que a liberdade e a cidadania venceram e vencerão novamente. Assim, como arte funciona como um desabafo, as coisas também revelam o tempo e a história. Uma xícara fissurada ou lascada venceu tanta coisa... E, pode guardar lembranças e segredos guardados entre uma xícara de chá ou de café. A xícara foi inventada por um arquiteto inglês chamado Robert Adam que sugeriu ao amigo ceramista Josiah Wedgwood colocar alças nas tigelas e copos. E, assim, lá em 1750 foi inventada a primeira xícara. Nove anos mais tarde, Wedgwood criou a fábrica que até hoje é uma referência na fabricação de peças de porcelana. O termo xícara, no Brasil atual está em desuso em Portugal. Chávena é termo malaio chãvan, que por sua vez veio do chinês. Xícara, em verdade, é termo que nos chegou através do castelhano. Apesar da gigantesco diversidade e distinção material, em termos rituais e socioculturais, a xícara guarda semelhanças na simbologia, independente da geografia. Significa hospitalidade e amizade. Há vários tipos de xícaras, a de café, a de chá, a de chocolate e, ainda, a de eventos especiais, como no festival do chá no Japão, quando não possuem abas ou asas e são circulares e devem ser pegadas apenas com dois dedos no máximo de cada mão e, ser levada à boca, num verdadeiro ritual. O ritual da sobrevivência.