Há muitas prezerosas discussões sobre a cultura popular. Para tanto, sugiro você convidar para um debate, meia dúzia de pessoas, de idades diferentes e de ambos os sexos. E, com esse círculo, comece a falar sobre danças. Quais danças são inesquecíveis para as pessoas? Como eram seus passos? Em que época ocorreu essa prática? E, quais as diferenças entre a dança contemporânea das danças do passado? E, quanto às brincadeiras, como é bom lembrar da infância? Como as crianças atualmente passam o tempo e se divertem? E, de que os idosos sentem mais saudades? E, o que podem sugerir para os jovens de hoje? Enfim, a cultura popular é o fazer próprio e inerente ao opvo e deve ser concebida como movimento dinâmico e contextual, isto é, híbrido. Orienta-se pela tendência contemporânea da cofluência entre o global e o local, uma perspectiva concebida como portadora de princípios, modelos, esquemas de conhecimentos próprios de nossa época. Na manifestação contemporânea da cultura popular, vige uma visão de mundo, um saber coletivo acumulado na memória social, resultado da múltipla dimensão cognitiva capaz de superar os velhos determinismos. É o que Edgar Morin definiu como "Dialógica Cultural" que é uma espécie de comércio cultural feito de trocas múltiplas de informações, ideias, opiniões e teorias, tanto mais estimulado quanto mais se trava com as ideias de outas culturas e as ideias do passado. Processo capaz de provocar o enfraquecimento dos dogmatismos e intolerâncias, do mesmo modo que comporta a competição, a concorrência, o antagonismo e o conflito entre ideias, concepções e visões de mundo, fazendo com que ideias antagônicas e concorrentes se tornem ideias complementares. Há, em verdade, uma circularidade entre as culturas, ou seja, influxo recíproca entre as diferentes formas de cultura, nas quais uma se alimenta da outa. Evidentemente, não pode negar a possível dicotomia ou contraposição e, de que existem fazeres e saberes distintos e que são representativos da vivência de cada grupo humano. A cultura popular não pode mais ser colocada numa redoma, congelada no tempo e mostrada como uma exprssão anônima, ágrafa e passadista.