O Dia da Língua Portuguesa é comemorado no dia 10 de junho, que corresponde ao dia da morte de Luiz Vaz de Camões[1]. O escritor das memoráveis Lusíadas, sendo considerado um dos maiores poetas da história lusitana.
O idioma tem origem no latim vulgar, o latim falado que os romanos introduziram na Lusitânia, uma região situada ao sudoeste da Península Ibérica a partir de 218 antes de Cristo.
De acordo com os dados da ONU[2], há pelo menos 25 milhões de pessoas que têm o português como primeira língua, em oito países que vão das Américas à Ásia. E, mais de oitenta por cento desses falantes são brasileiros. Não oficialmente, o português é também falado por uma pequena parte da população de Macau, em Goa, na Índia e também na Oceania.
A língua portuguesa é a quinta língua mais falada no mundo[3] e a terceira mais falada no Ocidente, ficando atrás somente do inglês e do castelhano. E, por conta da importância da língua portuguesa, seu ensino tornou-se mais valorizado nos países que compõem o Mercosul, sendo a língua[4] oficial em diversos países tais como: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
A linguagem humaniza o homem e, através desta, expressamos sentimentos, construímos pensamentos, interagimos com ambiente e com outras pessoas. Enfim, dominar o código linguístico é fundamental tanto para tarefas rotineiras como também para obter bom aproveitamento no mundo acadêmico e profissional.
A evolução da língua é dividida em cinco períodos, a saber: o pré-românico, surgido do sermo vulgaris ou latim vulgar que foi levado pelos soldados para as áreas conquistadas no Império Romano porque era a língua oficial em Roma; o românico correspondente as línguas que resultaram da diferenciação ou do latim levado pelos conquistadores romanos. E, com as sucessivas transformações, o latim foi substituído por dialetos.
Sendo a transição iniciada no século V, e quatro séculos depois surgiram as demais línguas românicas tais como o francês, o espanhol, sardo, provençal, rético, franco-provençal, dálmata e romente. O português surgiu no século XIII. o galego-portuguesa que foi o idioma da Galiza, na atual Espanha, e das regiões portuguesas do Douro e Minho.
E, permaneceu até o século XIV. o português arcaico que é o idioma falado entre o século XIII e a primeira metade do século XVI foi quando começaram os estudos gramaticais da língua portuguesa. e, finalmente o português moderno que é o idioma atualmente falado no Brasil[5] e demais países lusófonos.
Interessante observar que a unificação de Portugal que ocorreu no século XIII, também é a marca de definição do idioma[6] para o país. E, com as fronteiras definidas, o galego passou a ser a língua oficial do país, com o idioma foi sendo definido como galego português. Também foi no século XIII que foram encontradas as primeiras publicações com verbetes semelhantes ao idioma atual.
Evidentemente, com a expansão territorial português que levou a língua aos quatro continentes. E, no Brasil, por exemplo, há palavras em português que são de origem indígena[7] ou negra.
O vocábulo utilizado para classificar dialetos[8] é a dialectologia e, no Brasil se considera seis grupos dialectológicos. O grupo da região da Amazônia é denominado amazônico, e a do nordeste, nordestino. O restante do país é dividido em baiano, fluminense, mineiro e sulista. A região localizada no norte do Estado do Mato Grosso é classificada como incaracterística.
Em 12 de outubro de 1990 os países lusófonos assinaram o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa[9] e, o objetivo principal foi promover a unificação de regras gramaticais para os países que adotam o idioma.
A implantação foi gradativa e, aqui no Brasil e Portugal terminaria em dezembro de 2015, mas os países como Cabo Verde teve até 2019 para complementar a implantação.
O alfabeto oficial da Língua Portuguesa tem como base o alfabeto latino, sendo formado por vinte e seis letras que podem ser representadas na sua forma minúscula ou maiúscula. Vide: a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z; A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z.
No alfabeto português há, tradicionalmente, cinco vogais e dezoito consoantes. Contudo, com a entrada das letras k, y, w no alfabeto português, ocorre uma alteração nessa divisão: o k é uma consoante, o y é uma vogal e o w pode ser uma consoante ou uma vogal, dependendo da forma como é usado na palavra.
O ç (cê-cedilha) não está presente no alfabeto por não ser uma letra e, sim, a juntação da letra c com um sinal diacrítico(a cedilha).
A função do sinal diacrítico é atribuir novo valor fonético a uma letra, alterando sua pronúncia habitual. Sendo utilizada na letra c antes de vogais como a, ou u para que a letra c venha soar como s, ça, ço, çu, ção e ções.
A Ortoépia é a correta pronúncia dos grupos fônicos e, está relacionada com a perfeita emissão de vogais, a correta articulação das consoantes e a ligação de vocábulos dentro de contextos.
Há inúmeros exemplos de cacoépia (erros de pronúncia), como por exemplo: abecedário (a pronúncia errada é abecedalho); mendigo (mendingo, pronúncia errada); meritíssimo (meretíssimo, a pronúncia errada).
A Prosódia é o estudo da pronúncia de palavras mediante a posição da sílaba tônica. E, seus erros são chamados silabada.
Vejam as palavras oxítonas como condor, Gibraltar, nobel e sutil. Devendo ser acentuado na pronúncia a última sílaba. Outras palavras são paroxítonas tais como avaro, ibero, filantropo e rubrica. Quando de ser acentuada a sílaba do meio. E, as palavras proparoxítonas como ágape, arquétipo, bígamo e protótipo e, a sílaba tônica.
Interessante é a palavra “xifópago” que corresponde ao gêmeo unido ao irmão por alguma parte do corpo, gêmeo siamês.
Outra palavra igualmente interessante é “zeugma” que é figura de linguagem que consiste na omissão de um termo dito anteriormente. Exemplificando, eu gosto de maçãs, de peras e caquis.
A maior palavra da língua portuguesa é “pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico”, contém 46 letras e significa de acordo com Dicionário Online de Português:
Relacionado com a doença que ataca os pulmões, causada pela inalação ou inspiração de cinzas vulcânicas, das cinzas provenientes de vulcões. Refere-se à pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiose (doença). Substantivo masculino. Indivíduo portador dessa doença.
O maior de todos os advérbios que contém 29 letras é “anticonstitucionalissimamente”.
Citamos os mais lindos poemas da língua portuguesa:
Aniversário, de Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Língua Portuguesa – Olavo Bilac
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela
Amo-te assim, desconhecida e obscura
Tuba de algo clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho.
Poema 7 – Mário de Sá Carneiro
Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro.
Referências
BECHARA, E. Minidicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2009.
VOLP. 6ª edição. Disponível em: https://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario Acesso em 10.6.2022.
[1] Luiz Vaz de Camões (1524-1579) Pouco se sabe com certeza sobre a sua vida. Aparentemente nasceu em Lisboa, de uma família da pequena nobreza. Pode ter estudado na Universidade de Coimbra, mas a sua passagem pela escola não foi documentada. Frequentou a corte de Dom João III, iniciou a sua carreira como poeta lítico e se envolveu com a tradição, em amores com damas da nobreza e possivelmente plebeias, além de levar uma vida boêmia e turbulenta. Diz-se que, por conta de um amor frustrado, autoexilou-se em África, alistado como militar, onde perdeu um olho em batalha. Voltando a Portugal, feriu um servo do Paço e foi preso. Perdoado, partiu para o Oriente. Passando lá vários anos, enfrentou uma série de adversidades, foi preso várias vezes, combateu ao lado das forças portuguesas e escreveu a sua obra mais conhecida, a epopeia nacionalista Os Lusíadas. De volta à pátria, publicou Os Lusíadas e recebeu uma pequena pensão do rei D. Sebastião pelos serviços prestados à Coroa, mas nos seus anos finais parece ter enfrentado dificuldades para se manter. Apesar de o mérito artístico de Camões ser largamente reconhecido, a sua obra não ficou imune a críticas. O bispo de Viseu, D. Francisco Lobo, acusou-o de jamais haver amado verdadeiramente e, por isso, ter falseado o amor através do embelezamento poético. Para o crítico, o amor "não se declara com requebros tão ponderados, e por tão afetado estilo, como ele faz tantas vezes, ou para melhor dizer, como faz em todos esses lugares em que mais pretende engrandecer-se".[145] José Agostinho de Macedo, na sua obra em dois volumes Censura das Lusíadas, examinou o poema e expôs o que considerava serem os seus vários defeitos, nomeadamente a nível de plano e ação, mas também erros de métrica e gramática, chegando a afirmar que "Tiradas do poema as oitavas inúteis, ficava reduzido a cousa nenhuma." A seguinte passagem exemplifica bem o estilo da sua crítica: referindo-se à Oitava 14.ª («Nem deixarão meus versos esquecidos / Aqueles que nos Reinos lá da Aurora / Se fizeram por armas tão subidos...»), José Agostinho escreve: "Nesta Oit. 14.ª começa o vergonhoso bordão do—lá—que se repete com enjoo a cada página até ao fim do Poema, coisa para que os da seita Camoniana não tem sabido olhar [...] pressupondo sem exame a impecabilidade em um homem".
[2] De acordo com a Unesco, um idioma morre a cada 14 dias. Nesta velocidade, metade de todos os idiomas e dialetos no mundo sumirão até o fim do século.
[3] O IPOL (Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística) publicou, recentemente, no seu site um diagrama do WordTips produzido com dados do Ethnologue e organizado de acordo com as famílias linguísticas. É interessante conferir o diagrama, pois dependendo do critério, o ranking muda. A língua que possui mais falantes nativos, por exemplo, é o chinês mandarim.
[4] A "língua" é definida como "as palavras, a sua pronúncia e os métodos de as combinar utilizados e compreendidos por uma comunidade". O "Dialeto", por outro lado, é definido como "uma variedade regional de línguas distinguida por características de vocabulário, gramática e pronúncia". Um sotaque é um subconjunto de um dialeto. Enquanto os dialetos cobrem todos os aspetos da língua - gramática, vocabulário e pronúncia - um sotaque diz respeito apenas à terceira parte. Os sotaques são estudos interessantes porque organizam os oradores em função das suas respetivas geografias. Palavras e frases que têm o mesmo aspeto podem sair muito diferentes quando faladas por pessoas de duas regiões diferentes.
[5] Outras variedades do português brasileiro: Dialeto nortista (amazofonia): falado pelos habitantes da região norte do país, ou seja, pela região amazônica, abrangendo os estados do Acre, Amazonas, Roraima, Amapá e parte do Pará. Dialeto sertanejo: falado nas regiões do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e parte de Minas Gerais. Dialeto Sulista: falado na região sul do país, abrangendo principalmente os estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Alguns estudiosos incluem também alguns estados do sudeste e centro oeste. Dialeto baiano (baianês): falado na região geográfica que abrange o estado da Bahia, além de Sergipe, norte de Minas Gerais, leste de Goiás e Tocantins.
[6] Uma língua se torna idioma quando passa a ser falada, oficialmente, em determinado país, sendo utilizada para identificar uma nação. Entende-se, então, que para uma língua ser reconhecida como idioma, ela deve estar relacionada à existência de um Estado Político. O português é uma língua e é, também, um idioma, já que é oficial no Brasil, Portugal, Angola, entre outros países. É possível que um mesmo país tenha duas línguas consideradas idiomas, como é o caso do Canadá, onde, oficialmente, fala-se inglês e francês. Por outro lado, pode acontecer de uma língua ser falada em algumas regiões de determinado país, mas, por não ser reconhecida como oficial, não é considerada idioma. Como exemplo, podemos citar o basco, língua falada em partes da França e da Espanha.
[7] Estima-se que, antes da chegada dos portugueses no Brasil, havia entre 600 e mil línguas sendo faladas pelos nativos indígenas. Hoje, existem um total de 154 línguas indígenas faladas no Brasil. O livro “Línguas indígenas: tradição, universais e diversidade”, de Luciana Storto, professora do Departamento de Linguística da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, traz um apanhado dessas línguas, bem como o aprofundamento linguístico das principais famílias identificadas e agrupadas. O livro tem duas premissas imediatas: informar os resultados de pesquisas recentes sobre línguas brasileiras ao leitor leigo, chamando sua atenção, e estimular o surgimento de novos estudiosos e ativistas das línguas indígenas. Essas 154 línguas são agrupadas em famílias. Algumas delas podem ser formadas por subfamílias, pequenas ou grandes. Como exemplo de famílias linguísticas grandes temos a tupi, macro-jê, aruak, karib e pano. Já as de famílias pequenas são as yanomami, naduhup e nambikwara. Um fato interessante é que a subfamília tupi-guarani, apesar de grande, não é considerada uma família. Ela possui 40 línguas ou dialetos identificados no Brasil e nos países adjacentes, oriundos da língua-mãe proto-tupi-guarani.
[8] Mesmo com a independência das antigas colônias africanas, o português padrão de Portugal é o padrão preferido pelos países africanos de língua portuguesa. Logo, o português apenas tem dois dialetos de aprendizagem, o europeu e o brasileiro. Note que, no português europeu há três dialetos mais prestigiados: o do Porto, o de Coimbra e o de Lisboa. No Brasil, o dialeto do Rio de Janeiro e o de São Paulo são dominantes nos meios de comunicação; a língua escrita padrão é quase idêntica à de Portugal, com diferenças pontuais (como o abandono quase completo da mesóclise).
[9] Entre as principais mudanças, está a ampliação do alfabeto oficial para 26 letras, com o acréscimo do k, w e y. As letras já são usadas em várias palavras do idioma, como nomes indígenas e abreviações de medidas, mas estavam fora do vocábulo oficial. O trema – dois pontos sobre a vogal u – foi eliminado, e pode ser usado apenas em nomes próprios. No entanto, a mudança vale apenas para a escrita, e palavras como linguiça, cinquenta e tranquilo continuam com a mesma pronúncia. Os acentos diferenciais também deixaram de existir, de acordo com as novas regras, eliminando a diferença gráfica entre pára (do verbo parar) e para (preposição), por exemplo. Há exceções como as palavras pôr (verbo) e por (preposição) e pode (presente do indicativo do verbo poder) e pôde (pretérito do indicativo do verbo poder), que tiveram os acentos diferenciais mantidos.