Havia um silêncio miserável. O vento resvalava nas árvores e folhas. Estávamos no outono. Literalmente, no outono de nossas vidas. Não éramos mais jovens. Não tínhamos tantos hormônios laborando com os neurônios, pensamentos céleres e reações átimas, O peso do tempo e a maturidade dos ossos reclamavam seu lugar. Ainda que tivéssemos certa lepidez no espírito. No olhar havia uma indiferença colossal. Nem o vento abalava suas convicções de ferro. Depois, ultrapassado o silêncio. Os meus fonemas humildes perguntaram: - Você disse alguma coisa? Estou tão distraído hoje... E, laconicamente, você me respondeu..: -. Não. Não tenho vontade de falar nem as ideias trafegam em minha mente. Estou em mantra como um monge a contemplar o tempo. Talvez, um dia, finalmente, o entenda. Ou morra, sem jamais, entendê-lo... Dei muxoxo, bradei: - você racionaliza tudo. Até o abstrato... quer dar concretude quando o mundo não o fez... Há castelos de areia, lágrimas de cristal e, silêncio, meu caro, é de ouro. Pois a palavra, é apenas de prata. De qualquer forma, não é racional, o meu amor a você. Mas, o respeito. E, fundamentalmente, respeito a minha capacidade de amar. Seja feliz de alguma forma, pois o tempo está passando... Como as estações do ano. Como as folhas secas e, principalmente, como os espíritos no horizonte.