Pressentimento
Pressinto a poesia
Ela vai se aproximando lentamente
Primeiro, manda brisas.
Ventos e até tempestades.
Depois, o assobio das folhas
crepitando no outono.
E, no silêncio frio do inverno
Impõe seu lirismo.
Modesto e magro.
Elegante e bastardo.
Pressinto a poesia
a soar alma a dentro,
a fazer dos sentimentos,
fonemas dissonantes.
Construir metáforas
metafísicas
Envoltas de névoa e delícias.
Pressinto a poesia
que está na ponta da caneta.
Do lápis.
Do giz.
Que desgarra delicadamente
para posar sobre o papel.
Posar despudorada.
Em forma de prosa.
Em forma de poesia.
Em forma de conto
Ou será crônica.
Sua agudeza fina,
nos faz crer em amores impossíveis.
Em imersão no infinito.
Em vozes das ninfas.
E, até no colorido da solidão.
Pressinto a poesia.
Como um espírito que cavalga o tempo.
Que colhe os frutos entristecidos.
E, os recicla
em forma de esperança.
Sob o selo da aliança.