O farol existe desde o século XV em nossa língua pátria. Por vezes, é necessário acender um facho de luz no breu da história para enxergar a alma das pessoas e das palavras. Um pouco mais de luz torna possível enxergar na noite de breu os caminhos e as estrelas e, atingir maiores distâncias adentro, o que nos permite ver o delta do rio Nilo e, também os faraós sepultados em suas pirâmides. Imersos em tanta riqueza e majestade. Cleópatra tão famosa por ser sedutora e poderosa, jamais teve sua tumba encontrada. A soberana egípcia inspirou por milênios a imaginação de muitos estudiosos. O templo de Taposiris nos enche os olhos porque reúne muitas múmias que viveram na mesma época em que Cleópatra e, foram conservadas com luxos comuns aos nobres egípcios. Cleópatra é considerada a última governante do Egito livre da dominação romana e, sua fama sempre inspirou pintores, poetas, historiadores e, ganhou ainda maior notariedade no século XX. Seu romance com Marco Antônio que era cônsul-geral de Roma após a morte de César terminou em tragédia. O que o fez perder o apoio do povo romano e a disputa do poder com Otávio, na famosa Batalha do Ácio, refugiando-se, então, em Alexandria. Um amor épico que terminou na tragédia. Pensava eu, naquele breu junto às estrelas que todo amor é mesmo uma tragédia. Idealizamos o ser amado. Idealizamos o afeto, uma harmonia que a dinâmica do mundo nem permite. Corpos e almas se entrelaçam e, se perdem no torvelinho do tempo. O maior e mais memorável farol foi o de Alexandria, considerado uma das sete maravilhas da Antiguidade, construído durante o Reino Ptolomaico, na ilha de Fharos, pelo arquiteto grego Sóstrato de Cnido. Alexandria era o maior porto do mundo mediterrâneo, tão famoso pela sua navegação marítima. O farol sobreviveu até a Idade Média. Enquanto isso, a leitora embriagada pela alergia e os remédios deixava a caneta descansar sobre o papel... a caneta tinteiro suava em azul, enquanto no céu derramava uma chuva sem tamanho sob o rufar de telhados umedecidos.