Tudo era rio.
Era água.
Hídrico até a alma.
Havia um estranho silêncio.
Ao longo, o risco era estrada.
O destino, um esboço.
E os peixes visíveis
conviviam em plena harmonia
e silêncio.
Tudo era rio.
Era como se pronunciasse
uma oração em direção ao mar.
A pororoca era o clímax.
E, de repente.
O silêncio passou a ser
habitado por fonemas molhados
de água e de alma encharcada
Tudo era rio.
As águas calmas alisavam as margens
carinhosamente.
Os peixes alimentavam os ribeirinhos
ciosamente.
As casas com suas imagens refletidas
nas águas
Entravam numa fantasia dolente.
Onde só existia paz, água e fome.