De repente, tudo é urgente.
Existe uma pressa incomensurável.
Tudo tem um ritmo frenético.
Palavras percorrem frases.
Frases atravessam silêncios.
E, os olhares absortos permanecem
pendurados no fio do horizonte.
Onde foi que deixei os óculos?
Minha miopia produz imagens de Van Gogh.
Acho até bonito...
E, me perco na dança das cores.
Na furtiva manhã que
tinge meus sentimentos.
De repente, a ditadura da estética
Desmeretiza o simples.
E, eu tantas vezes reles e vil.
E, eu tantas vezes,
distraída e servil.
Sinto-me vilã de mim mesma...
Tiro os óculos de propósito,
para não ver esse mundo torpe.
Mas, nada adianta.
O fígado cutuca a alma.
E, esta esbraveja:
- Em toda loucura há um
cais de lucidez.
Há um mantra
de acidez a diluir
toda lógica.