A mulher medieval era composta de figuras como as rainhas, poetisas, filósofas e freiras. Havia muito mais que uma mera donzela a ser salva do alto de uma torre. É verdade que a Idade Média veio de cultura patriarcal e persistiu patriarcal, sem dúvidas. Assim como as classes sociais, os papéis das mulheres eram vistos ortodoxalmente, biblicamente determinados e sempre citadas as ideias do apóstolo Paulo: "Mas quero que saibas que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus cabeça de Cristo". A mulher não é simplesmente a vítima passiva sofrendo contínua opressão imutável. As noções medievais sobre as mulheres têm especial contrapeso no papel da própria Virgem Maria, tida como a figura terrena mais importante de toda a cristandade e, entao, cujo culto foi crescendo ao londo do período. Tanto que o Papa Inocêncio III em 1210 apesar de reconhecer o quão abençoada era Virgem maria e ser mais ilustre que todos os apóstolos juntos, não foi a ela, mas a eles, que o Senhor confiou as chaves do Reino dos Céus. Portanto, tinha santidade, mas autoridade nunca. Na outra extremidade residia outra figura bíblica: Eva, a tentadora, a que aceitou a maçã da serpente e a entregou a Adão, causando a queda da humanidade. Ao final da Idade Média, ocorreu o infame Malleus Maleficarum, o guia de caçar bruxas, mostrava como a ideia só havia se reforçado. Afinal, apesar de o Diabo ter tentado Eva a pecar, foi Eva quem seduziu Adão. Então, o pecado de Eva não teria trazido morte para nosso corpo e alma se o pecado não tivesse sido transmitido depois a Adão. A visão dos homens medievais sobre as mulheres era determinada por essa dualidade bipolar, de ser imaculada e assexuada tal como a Virgem, ou uma tentadora sexualizada tal como Eva.