Eu sou torta.
Oblíqua.
Há uma ladeira dentro de mim...
E, fim dela onde vai dar?
Nem sei.
Eu sou torta.
Noventa graus são inalcançáveis...
Retidão?
Tenho a virtude de não ter virtudes pré-fabricadas.
Nem o senso de dever.
Exatidão?
Nesse mundo líquido?
Como se pode ser?
Tenho tendências.
Tenho inclinações latentes.
Sejam conscientes ou não.
Tenho medo dos cartesianos.
Pensam e agem sempre da mesma forma.
São reprises prontas e incontestáveis.
Tenho medo de certezas.
Pois, a dúvida é mãe do pensamento.
E madrinha da reflexão.
Sou confessadamente oblíqua.
Por vezes, nem sei que ângulos pratico.
Por vezes, nada faz sentido.
Meu olhar de soslaio
É técnico.
Minha intuição é afiada feito navalha.
E, o corta o tempo e o espaço.
Corta o cenário em fótons.
Não quero endireitar-me.
Não que ser pitagórica.
Não quero triângulos retângulos.
Não quero medidas somadas.
A natureza matemática
fez de mim um cálculo estrutural.
E, erra nos algoritmos.
Não adianta aviar receitas de bolo.
Pois, o objetivo final,
ainda estar por vir...
E, eu prossigo na inclinação
exata de minha humanidade.
Abstrata e desmedida.