Caríssimo amado.
Não preciso entender você completamente, para amá-lo... Há tantos enigmas indecifráveis com os quais convivemos, e aprendemos a amar e respeitar. Não preciso concordar integralmente com você, com suas ideias, ideologias, crenças ou manias... Sei, intimamente, que para você, também devo ser uma esfinge indecifrável, por vezes, a contemplar o deserto.
E, a dizer frases ineptas, sentidos avessos e, mesmo, valores sombrios. É certo que nossas diferenças nos aproximam tanto quanto nossas afinidades. Mas, não precisamos reger uma orquestra sinfônica, e nem lamuriar por violinos solitários.
Afinal, na escala musical, cada nota tem seu lugar. Seja exato ou aproximado. Drummond é que tinha razão: o que pode uma criatura fazer, senão, entre outras criaturas. Amar e desamar... E, amar novamente num ritual mágico, atávico e, por vezes, antigo mas que fez perdurar a espécie.
A que preenche a substância do afeto. E, mais, que nos dá alguma esperança. De secar as lágrimas e enfrentar a tempestade de desafios que sempre está por vir.
Perdoe-me a rudeza repentina... A falta de delicadeza pois a luta constante me endureceu.
Anime-se... nada é por acaso. A lição certeira encontra a aprendizagem na alma e no corpo. E, quanto pacificados os conflitos e as mágoas. Já estaremos prontos para novas jornadas. Novos confrontos... e, quem sabe, para se harmonizar com o cosmos.