A manhã queimava no horizonte.
O tons rubros, amarelos e inexplicáveis
Anunciavam mais um nascer do sol.
O frescor da manhã amadurecendo
impunemente.
Diante de olhos e lágrimas ressecadas.
Lembranças em flashes
que pipocavam na cabeça.
Nostalgicamente.
A manhã queimava diante dos olhos.
E a memória nos transportava
para milhões de sóis pretéritos,
brisas e orvalhos.
Envelhecidos e arquivados.
Colecionados em sentimentos,
palavras e registros poéticos
e líricos
Estava exausta.
Mas, a beleza daquela manhã...
Redimia-me.
Sem culpa.
Sem remorso.
Prossegui em vigília do tempo.
Esperando que o deserto da ampulheta
Espalhasse a areia sobre
alguma razão socrática.
A mentira pode ser uma verdade maquiada.
A verdade maquiada pode ser indício de polidez.
Civilização acanhada ou resquício de piedade?
E, patinamos nas superfícies lisas e sem atrito.
Mas, a gravidade ingrata não nos deixa flutuar.
Só pensamentos voam.
Só sentimentos transcendem.
Só as almas conhecem o fundamental.
E, voltam entristecidas para os corpos
fincando num planeta repleto de água
e sons indecifráveis.
Corpo que assiste extasiado mais uma
manhã qualquer.