Uma paixão incandescente. Solúvel e imediata. Um olhar e a entrega solene de todo afeto. Sensações tácteis. Olhares profundos, suspiros e palpitações. O corpo frêmito, impetuoso larga-se sobre o prazer. Há um silêncio que atravessa as paredes. Uma pausa entre as palavras. Não é vírgula. Não é ponto e vírgula. É apenas uma pausa. O ritual exigia pausas. Era uma paixão incandescente. Queimava e esfumaçava os olhos, a percepção e a consciência. Era uma espécie de torpor metabólico sob o naufrágio de hormônios e sentimentos. As mãos suadas. Trêmulas em gestos mecânicos. E, tudo passava. Depois, vinha a brandura e alguma candura. E, o silêncio desfilava entre as frases e tropeçava nas reticências. Se haveria futuro? Se sobreviveria a esperança? Se as lágrimas secarão? Quem poderá saber? Os oráculos, talvez. Os sábios, provavelmente. O inconsciente, sob seu código secreto a imprimir respostas com a caligrafia feita de cicatrizes. Tudo é eternamente mutável, exceto a mudança. Exceto a decepção de não agradar sempre... De não ser, aquilo que se espera... Apenas vir a se tornar lentamente, aquilo que se é... Pacientemente diluindo a paixão solúvel de todos os dias.