Pobre corpo que abriga a alma.
Ele limitado, ela infinita.
Como podem cohabitar...
Serem tão vizinhos,
inseridos num só ser.
O corpo tão comezinho.
Simples, lógico e, franzino.
Pobre corpo suspenso sobre a Babilônia.
Muitos idiomas.
Oceanos de palavras.
Infinitos sentimentos a atravessarem
pontes, brejos ou segredos.
Pobre corpo dolente.
Confessionário da dor.
Hematomas, inchaços e vestígios.
Todos anotados regiamente
pelo tempo, na pele ou na memória.
E, pior, gravados no inconsciente.
A nos sussurrar a nossa efemeridade.
Abrigo de nossa alma.
Passageiro da eternidade em signos
ou rimas.
Para nos alegrar por aprender
todos os dias com o corpo dolente.
Superando um novo amanhecer.