As vezes é preciso "passar a pente fino" na vida. A expressão designa a ação de usar o lado fino do pente para conseguir retirar as sujeiras no cabelo, como caspas e piolhos. Em termos figurativos, significa afastar as pessoas ruins de dado grupo ou, ainda, no âmbito comercial, eliminar muambas que estejam prejudicando a atividade da empresa. No campo fiscal, a malha final traduz um minucioso exame, que procura corrigir erros e impropriedades em declarações de renda, o que assusta muitas pessoas quando lhe chega a intimação para respectivo acerto de impostos não pagos ou de declarações omissivas. A origem da expressão advém da vinda da família real portuguesa, em 1808, quando mudou-se para o Rio de Janeiro, numa tumultuada e arriscada travessia marítima, quando as mulheres que viajavam em precárias condições foram atacadas por epidemia de piolhos, engordados por seus respectivos ovos (as lêndeas), o que segundo Otto Lara Resende considerava como a mais bela palavra da língua portuguesa. E, não teve jeito, todas as mulheres tiveram mesmo que raspar os cabelos, ficando calvas. E, ao desembarcarem no Rio de Janeiro, sua aparência era simultaneamente assustadora e, também, espécie de última moda europeia. Assim, no RJ, boa parte da mulherada carioca aderiu à novidade, e passaram a exibir lustrosas carecas. Na operação pente-fino é ideal para se afastar de gente nociva, fofoqueira e inútil. Não discutir, apenas dar-lhe o cerimonioso silêncio e ignorá-los, pois, finalmente, se cansam e nos deixam em paz.