Era um sonho assobradado com enorme pé direito que encarava imponente a rua, seus braulhos urbanos, as sirenes urgentes de uma pressa sem fim.
E, o vetor da imaginação soprava os ventos que elísios se espalhavam livres e acariciando os transeuntes e o duro asfalto.
Havia, lado a lado, uma brutalidade imensa e uma delicadeza sutil.
Nesses paradoxos contemporâneos adormeciam mentes, as críticas que são essenciais ao aprendizado, os tropeços são os mestres da psicomitricidade e, o silêncio é cúmplice da palavra que desafia o fonema, na fala, que esboça a escrita que tanto seduzem com seu lirismo.
Lirismo, por vezes, bastardo.
Há paixões recônditas que se revelam discretas nas esquinas, encruzilhadas e, principalmente, nas paralelas que finalmente se entregavam ao amor no infinito.
Ou seria no abismo das identidades?
Precisamos ter coragem para amar, sem nada esperar. Amar impunemente.
Precisamos urgentemente de ter a ousadia de ter esperança. Esperanças diárias.
De resistir, insistir e no devir, finalmente, entender que viver é mutatis mutandis. No cume do sobrado havia um ano em alto relevo, que revelava sua idade: 1928.
Noventa e três anos de tijolos, argamassa e arquiteturas nos contemplavam soberanos para nos fazer entender que já existiram outras tragédias, epidemias, desastres e tantos outros apocalipses. Há o fim, o recomeço e, a necessidade imperiosa de ter coragem para cultivar a esperança.