A Professora Rachel era muito respeitada, apesar de sua forma de ser rígida, quase inflexível. Porém, era, em verdade, uma belíssima criatura humana. Certa vez, os alunos e alunas fizeram uma vaquinha para comprar a maior cesta de chocolate que havia numa loja chique (a Kopenhagen). Raquel não sabia de nada. Não era seu anivérsário, não era Páscoa, nem qualquer ocasião comemorativa. Mas, por que, os seus discípulos queriam tanto presenteá-la? Comentava-se nos bastidores que era porque teria ficado viúva. Já outros, afirmavam que era apenas uma demonstração de afeto... pois, ela teria conseguido recuperar muitos alunos que iam de mal a pior... Seria uma forma de gratidão... Muitos já pensavam em desistir dos estudos para mergulhar no subemprego... São muitos fatores que contribuem para evasão escolar que a cada dia aumenta poderosamente. Infelizmente, a educação não é prioridade de nossa nação. Afinal, a ignorância parece ser um bálsamo, capaz de anestesiar o povo diante tantos fracassos governamentais. Quando chegou a megacesta de chocolate para a Professora Rachel, a escola estava lotada... e, causou surpresa a todos. As coisas boas e gentis não deveriam impactar tanto... Mas, foi um acontecimento. E, assim, quando Rachel chegou à sala dos professores e viu a cesta, com um cartaz com letras garrafais com seu nome... No primeiro momento, não quis acreditar. Depois, com os olhos marejados, voltou à sala de aula, e agradeceu penhoradamente. E, ainda, ofereceu uns tabletes de chocolates para Adelaide, a moça do café, que nas horas vagas era também alfabetizada por Rachel. Enfim, eis uma operária da educação, colocando tijolo por tijolo na construção do conhecimento. São exemplos anônimos, comuns e pouco reconhecidos.